Herança de Eszter
(...)
"- Quero pôr tudo em ordem - repetiu, mecanicamente.
- O que queres tu pôr em ordem?
Olhei-o nos olhos e desatei a rir. Ele não pode estar a falar a sério!- pensei. Transcorrido um certo tempo, nada se pode" pôr em ordem" entre duas pessoas; compreendi essa verdade sem esperança naquele instante, quando nos sentámos, ali, no banco de pedra. O Homem vive, e corrige, ajusta, edifica, e destrói, algumas vezes a sua vida; mas, passado um tempo, dá-se conta de que o todo, tal como está, por força dos erros e do acaso, é imodificável. Lajos, aqui, nada podia fazer. Quando alguém emerge do passado para anunciar, em voz comovida, que quer pôr "tudo" em ordem, só podemos lamentar e sorrir das suas intenções; o tempo já tudo "pôs em ordem", à sua estranha maneira, da única maneira possível." (...)
"- Quero pôr tudo em ordem - repetiu, mecanicamente.
- O que queres tu pôr em ordem?
Olhei-o nos olhos e desatei a rir. Ele não pode estar a falar a sério!- pensei. Transcorrido um certo tempo, nada se pode" pôr em ordem" entre duas pessoas; compreendi essa verdade sem esperança naquele instante, quando nos sentámos, ali, no banco de pedra. O Homem vive, e corrige, ajusta, edifica, e destrói, algumas vezes a sua vida; mas, passado um tempo, dá-se conta de que o todo, tal como está, por força dos erros e do acaso, é imodificável. Lajos, aqui, nada podia fazer. Quando alguém emerge do passado para anunciar, em voz comovida, que quer pôr "tudo" em ordem, só podemos lamentar e sorrir das suas intenções; o tempo já tudo "pôs em ordem", à sua estranha maneira, da única maneira possível." (...)
A Herança de Eszter - Sándor Márai
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